A EXPERIÊNCIA CINEMATOGRÁFICA EXTREMA - IRREVERSÍVEL E OS ENVOLVIMENTOS COM O ESPECTADOR

Resumo

No campo do cinema extremo e seus conhecidos objetivos de incomodar, de promover o desagradável e a experimentação do intenso, Irreversível (Irréversible, 2002), de Gaspar Noé, é exemplo típico destas intenções. Abordando esse tipo cinematográfico nas relações que se estabelecem entre o filme e o espectador, este artigo é uma investigação sobre as estratégias utilizadas para tais êxitos. Pela observação do envolvimento que se dá de maneira mais estreita, íntima e intensa, a aproximar os corpos – fílmico e visualizador – e estimulando sensações, a análise aborda a construção do filme pelos aspectos promotores da experiência extrema característica. Por meio dos elementos de composição e a maneira em que se aplicam os artifícios utilizados para a implementação de atmosferas sensoriais, climas que imergem o espectador e as ambiências que o envolvem, a análise se concentra em três aspectos formativos: a cinematografia e o compartilhamento de estados emocionais entre personagens e audiência; o uso do plano-sequência e o cinema que acontece no corpo espectatorial; e a inversão diretiva da narrativa e os estados de consciência do público.