BUROCRATA DE NÍVEL DE RUA, LÓGICAS INSTITUCIONAIS E CONSCIÊNCIA LEGAL: UM ENSAIO TEÓRICO NA PERSPECTIVA DA ATIVIDADE POLICIAL
DOI:
https://doi.org/10.47820/recima21.v6i3.6300Palavras-chave:
Teoria, Burocrata Nível de Rua, Organizações PoliciaisResumo
Este artigo investiga como a ação do policial militar, entendido como burocrata de nível de rua, se relaciona a lógicas institucionais e à interpretação da lei, formando uma consciência legal. Adotam-se três referenciais principais: Burocrata de Nível de Rua (Lipsky), que realça a discricionariedade do agente em contato direto com o cidadão; Lógicas Institucionais (Friedland; Alford; Thornton; Ocasio; Lounsbury), que influenciam a organização por meio de valores e práticas simultâneas (militar, jurídica, civil); e Consciência Legal (Ewick; Silbey), que explora como a lei “no papel” difere da lei “em ação”. Observa-se que, embora existam normas e protocolos, o policial frequentemente precisa adaptar suas decisões às circunstâncias, interpretando as demandas institucionais de forma única. Tal dinâmica incide sobre a percepção coletiva acerca da lei, pois cada abordagem reforça ou questiona sua legitimidade. A pesquisa, de caráter teórico, sugere que o campo das organizações policiais é marcado por tensões entre hierarquia militar e necessidades comunitárias, enquanto a atuação situacional do agente molda a consciência legal dos cidadãos. Conclui-se que o policial não somente executa, mas coproduz o sentido da lei, potencializando ou restringindo sua credibilidade social.
Downloads
Referências
BATTILANA, J.; DORADO, S. Building Sustainable Hybrid Organizations: The Case of Commercial Microfinance Organizations. Academy of Management Journal, v. 53, n. 6, p. 1419-1440, 2010. DOI: https://doi.org/10.5465/amj.2010.57318391
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.
BUENO, D. F.; KRULY, L. B.; SANTOS, E. A. Lógicas Institucionais Em Estudos Organizacionais: O Que Mostram As Pesquisas Nacionais?. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, v. 23, n. 1, p. 113-133, jan./abr. 2024. DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2024005
COELHO, E. F. Missão Dada, Missão Cumprida: Atuação Do Policial Como Burocrata Em Nível De Rua. ENAJUS - Encontro de Administração da Justiça, 2019.
DUNN, M. B.; JONES, C. Institutional Logics And Institutional Pluralism: The contestation of care and science logics in medical education, 1967–2005. Administrative Science Quarterly, v. 55, n. 1, p. 114–149, 2010. DOI: https://doi.org/10.2189/asqu.2010.55.1.114
EWICK, P.; SILBEY, S. The Common Place of Law: Stories from Everyday Life. Chicago: The University of Chicago Press, 1992.
EWICK, P.; SILBEY, S. The Structure of Legality: The Cultural Contradictions of Social Institutions. In: RITTENBERG, B. et al. (Org.). Action and Structure: Research Methods and Social Theory. Londres: Routledge, 2002. p. 149-165.
FAVERO, M. B.; GUIMARÃES, A. F. Lógicas Institucionais: Um Estudo em uma Organização Privada de Ensino Superior do Sul do Brasil. Revista de Administração IMED. v. 9, n. 1, 2019. DOI: https://doi.org/10.18256/2237-7956.2019.v9i1.3076
FERREIRA, D. V. S.; ROSSONI, L. OLIVEIRA, S.R. Institutional Logics of Community Policing: An Analytical Framework and Research Agenda for the Brazilian Context. Brazilian Journal of Public Administration, v. 56, n. 1, jan./feb. 2022.
FREDERICKSON, H. G. et al. The Public Administration Theory Primer. 2. ed. Boulder, CO: Westview Press, 2012.
FRIEDLAND, R. et al. The Institutional Logics of Love: Measuring Intimate Life. Theory and Society, v. 43, n. 3-4, p. 333–370, 2014. DOI: https://doi.org/10.1007/s11186-014-9223-6
FRIEDLAND, R. For a sociological concept of charisma. Philosophy & Rhetoric, v. 45, n. 4, p. 450-472, 2012.
FRIEDLAND, R.; ALFORD, R. R. Bringing society back in: symbols, practices and institutional contradictions. In: POWELL, W. W.; DIMAGGIO, P. J. (Ed.). The New Institutionalism in Organizational Analysis. Chicago: University of Chicago Press, 1991. p. 232-263.
GIDDENS, A. A Constituição da Sociedade. Tradução: Álvaro Cabral. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
GIOIA, D. A.; CHITTIPEDDI, K. Sensemaking and Sensegiving in Strategic Change Initiation. Strategic Management Journal, v. 12, p. 433-448, 1991. DOI: https://doi.org/10.1002/smj.4250120604
GONÇALVES, R. C. M. G.; FREGONESI, M. S. F. A.; MOREIRA, V. B. Respostas A Lógicas Institucionais Conflitantes: Um Estudo Da Participação Nos Lucros E Resultados. Organizações & Sociedade, v. 27, n. 92, jan./mar. 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1984-9270924
GREENWOOD, R. et al. The Multiplicity Of Institutional Logics And The Heterogeneity Of Organizational Responses. Organization Science, v. 26, n. 2, p. 352-379, 2011.
LIMA, L. L.; D’ASCENZI, L. O Papel Da Burocracia De Nível De Rua Na Implementação E (Re) Formulação Da Política Nacional De Humanização Dos Serviços De Saúde De Porto Alegre (Rs). Revista De Administração Pública, v. 51, n. 1, p-46-63, jan./fev, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7612145223
LIPSKY, M. Street-Level Bureaucracy: Dilemmas of the Individual in Public Services. 30. ed. New York: Russell Sage Foundation, 2010.
LOTTA, G. S. Burocracia e Implementação De Políticas De Saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2019.
OLIVEIRA, A. Burocratas Da Linha De Frente: Executores E Fazedores Das Políticas Públicas. Revista de Administração Pública. v. 46, n. 6, dez. 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-76122012000600007
PINC, T.; ISSA, R. O Ativismo Judicial e a Discricionariedade do Burocrata do Nível de Rua: A fundada suspeita em debate. In: IX ENCONTRO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA SÃO PAULO/SP, 2022.
PIRES, R. R. C. (Org.). Burocracia e Políticas Públicas No Brasil: interseções analíticas. Brasília: IPEA, 2017.
RAUTIAINEN, A.; URQUIA-GRANDE, E.; MUÑOZ-COLOMINA, C. Institutional Logics in Police Performance Indicator Development: A Comparative Case Study of Spain and Finland. European Accounting Review, v. 26, n. 2, 2017. DOI: https://doi.org/10.1080/09638180.2015.1120412
SALET, R.; TERPSTRA, J. Conflicting Institutional Logics in The Control of Crime and Disorder: The Double Strategy of Administrative and Criminal Law. Criminology & Criminal Justice, v. 24, n. 2, 2022. DOI: https://doi.org/10.1177/17488958221112061
SANTOS, F. H. R. Lógicas Institucionais Policias Militares: Organizações Híbridas E Suas Relações Com O Nível Individual. Gestão Pública – Práticas e Desafios, v. 9, n. 1, 2018. DOI: https://doi.org/10.51359/2177-1243.2018.234507
SCOTT, W. R. Institutions and Organizations: Ideas, Interests and Identities. 4. ed. Thousand Oaks: SAGE Publications, 2013.
SILBEY, S. After legal consciousness. Annual Review of Law and Social Science, v. 1, p. 323-368, 2005. DOI: https://doi.org/10.1146/annurev.lawsocsci.1.041604.115938
THORNTON, P. H.; OCASIO, W.; LOUNSBURY, M. The Institutional Logics Perspective: a new approach to culture, structure, and process. Oxford: Oxford University Press, 2012. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199601936.001.0001
VALLA, W. O. Doutrina de Emprego da Polícia Militar do Paraná. 2. ed. rev. Curitiba: AVM, 2004.
WEICK, K. Sensemaking in Organizations. Thousand Oaks: SAGE, 1995.
Downloads
Publicado
Licença
Copyright (c) 2025 RECIMA21 - Revista Científica Multidisciplinar - ISSN 2675-6218

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos/resenhas/TCCs publicados pertecem à revista RECIMA21, e seguem o padrão Creative Commons (CC BY 4.0), permitindo a cópia ou reprodução, desde que cite a fonte e respeite os direitos dos autores e contenham menção aos mesmos nos créditos. Toda e qualquer obra publicada na revista, seu conteúdo é de responsabilidade dos autores, cabendo a RECIMA21 apenas ser o veículo de divulgação, seguindo os padrões nacionais e internacionais de publicação.