PERFIL CLÍNICO E SOCIODEMOGRÁFICO DA HANSENÍASE EM ESTADO ENDÊMICO DO NORDESTE DO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.47820/recima21.v4i7.3625Palavras-chave:
Hanseníase. Doenças negligenciadas. Notificação de doenças. Vigilância epidemiológica.Resumo
Descoberta em 1873 por Gerhard Armauer Hansen através da identificação do bacilo causador, Mycobacterium leprae, a doença de Hansen corresponde a uma enfermidade crônica e infectocontagiosa capaz de provocar problemas dermatológicos e neurológicos, e bastante negligenciada. O objetivo foi descrever o perfil clínico e sociodemográfico da hanseníase no estado do Piauí de 2017 a 2021. Trata-se de um estudo transversal descritivo, do tipo retrospectivo, quantitativo com utilização de dados secundários obtidos do SINAN referentes ao registro de casos de hanseníase. As variáveis foram estabelecidas em conformidade com dados do SINAN: sociodemográficas, microbiológicas, clínicas e terapêuticas. A população do estudo foi constituída por 5.372 casos, representando 3,44% das notificações do Brasil (156.147). Prevalência do sexo masculino de 56,79% (3.051), 53,21% dos casos registrados acometeram pessoas de 40 a 69 anos, sendo mais prevalente na faixa etária de 50 a 59 anos (18,84%), 69,14% de pessoas pardas. Classificação operacional multibacilar, forma clínica dimorfa, baciloscopia positiva, mais de cinco lesões, grau zero de incapacidade, sem episódios reacionais e poliquimioterapia/multibacilar/12 doses. A regional Entre Rios apresentou maior detecção de casos. Em conclusão constatou-se que o Piauí, mesmo apresentando melhora do quadro endêmico nos últimos anos, exibiu coeficiente de detecção geral muito alto, com perfil majoritariamente de indivíduos clinicamente sensíveis ao bacilo e, portanto, potenciais fontes de transmissão, uma vez que possuem uma alta carga bacilar. Em vista disso, espera-se que esse estudo forneça informações que permitam conhecer a extensão da Hanseníase na coletividade.
Downloads
Referências
AALVES, J. M.; RODRIGUES, R. P.; CARVALHO, M. C. S. Perfil epidemiológico e espacial dos casos novos de hanseníase notificados em Feira de Santana no período de 2005- 2015. Rev Pesqui Fisioter, v. 11, n. 2, p. 334-341, 2021.
ARAÚJO, M. G. et al. Hanseníase no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical,v. 36, p. 373-382, 2003.
BASSO, M. E.; SILVA, R. L. Perfil clínico-epidemiológico de pacientes acometidos
pela hanseníase atendidos em uma unidade de referência. Rev Soc Bras Clin Med, v. 15, n. 1, p. 27-32, 2017.
BRASIL. Guia para o Controle da hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.º 3.125 de 7 de outubro de 2010. Aprova as diretrizes para vigilância, atenção e controle da hanseníase. Diário Oficial da União. Brasil: Diário Oficial da União, 2010a.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de procedimentos técnicos. Baciloscopia em Hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde. 2010b.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Doenças Transmissíveis. Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da hanseníase como problema de saúde pública: manual técnico-operacional. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase. Brasília. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico de Hanseníase. 2022.
CRESPO, M. J.; GONÇALVES, A. Avaliação das possibilidades de controle da hanseníase a partir da poliquimioterapia. Rev Port Saude Publica. v. 32, n. 1, p. 80–8, 2014.
FINEZ, M. A.; SALOTTI, S. R. A. Identificação do grau de incapacidades em pacientes portadores de Hanseníase através da avaliação neurológica simplificada. J Health Sci Inst. 2011; v. 29, n. 3, p. 171-5, 2011.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades e Estados: Piauí. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/pi.html>. Acesso em 17 de Agosto de 2022.
JACOBSON, R. R.; HASTINGS, R. C. Rifampin-resistant leprosy. Lancet, v. 2, n. 7998, p. 1304-5, 1976.
HACKER, M. A. et al. Characteristics of leprosy diagnosed through the surveillance of contacts: a comparison with index cases in Rio de Janeiro, 1987-2010. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 107, n. 1, p. 49–54, 2012.
HASTINGS, R. C. Leprosy. Churchill Livingstone, Singapore, 1994.
LANA, F. C. F. et al. Perfil epidemiológico da hanseníase na microrregião de araçuaí e sua relação com ações de controle. Escola Anna Nery, v. 15, n. 1, p. 62-67, 2011.
LIMA, H. M. et al. Perfil epidemiológico dos pacientes com hanseníase atendidos em Centro de Saúde em São Luís, MA. Rev Clin Med, v. 8, n. 4, p. 323-7, 2010.
MIRANZI, S. S. C.; PEREIRA, L. H. M.; NUNES, A. A. Perfil epidemiológico da hanseníase em um município brasileiro, no período de 2000 a 2006. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 43, n. 1, p. 62–67, 2010.
MIZOGUTI, D.F. et al. Multibacillary leprosy patients with high and persistent serum antibodies to leprosy IDRI diagnostic-1/LID-1: higher susceptibility to develop type 2 reactions. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 110, n. 7, p. 914-20, 2015.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Estratégia mundial de eliminação da lepra 2016- 2020: Acelerar a ação para um mundo sem lepra. 1ª ed. Biblioteca da OMS/SEARO; 2016. 36p.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Global leprosy update, 2020: impactof COVID-19 on global leprosycontrol. Weekly Epidemiological Record, Genebra, n. 36, p. 421-444, 2021.
PEREIRA, E. V. E. et al. Perfil epidemiológico da hanseníase no município de Teresina, no período de 2001- 2008. An Bras Dermatol, v. 86, n. 2, p. 235–40, 2011.
PIRES, C. A. A. et al. Leprosy reactions in patients coinfected with HIV: clinical aspects and outcomes in two comparative cohorts in the Amazon Region, Brazil. PLoS Negl Trop Dis, v. 9, n. 6, p. 1-14, 2015.
RIBEIRO, V. S. et al. Características clínicas e epidemiológicas da hanseníase no estado do maranhão, 2001 a 2009. Revista de Pesquisa em Saúde, v. 14, n. 2, 2014.
RODRIGUES, R. S. A. Aspectos Clínicos, Epidemiológicos e Laboratoriais da Hanseníase: Revisão. TCC (Especialização em Análises Clínicas) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, p. 35. 2016.
SOUSA, M. W. G. et al. Perfil epidemiológico da hanseníase no estado do Piauí, período de 2003 a 2008. An Bras Dermatol, v. 87, n.3, p. 401-7, 2012.
TALHARI, S.; NEVES, R. G. Dermatologia tropical – Hanseníase. Gráfica Tropical, Manaus, 1997.
TALHARI, C.; TALHARI, S.; PENNA, G. O. Clinical aspect sof leprosy. Clin Dermatol, v. 33, n. 1, p. 26–37, 2015.
TAVARES, A.M.R. Perfil epidemiológico da hanseníase no estado de Mato Grosso: estudo descritivo. Einstein, v. 19, p. 1-5, 2021.
TEIXEIRA, M. A. et al. Características epidemiológicas e clinicas das reações hansênicas em indivíduos paucibacilares e multibacilares, atendidos em dois centros de referência para hanseníase, na cidade de Recife, estado de Pernambuco. Rev Soc Bras Med Trop, v. 43, n. 3, p. 287-92, 2010.
VELÔSO, D. S. Perfil clínico-epidemiológico da hanseníase no estado do Piauí, no período de 2009 a 2016. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical) – Instituto Oswaldo Cruz. Teresina, 2018.
VELÔSO, D. S. et al. Perfil Clínico Epidemiológico da Hanseníase: Uma Revisão Integrativa. REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 10, n. 1, p. 1429-1437, 2018.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO. Expert Committee on Leprosy. World Health Organization Technical Report Series, p. 7-48, 1977
Downloads
Publicado
Licença
Direitos de Autor (c) 2023 RECIMA21 - Revista Científica Multidisciplinar - ISSN 2675-6218
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Os direitos autorais dos artigos/resenhas/TCCs publicados pertecem à revista RECIMA21, e seguem o padrão Creative Commons (CC BY 4.0), permitindo a cópia ou reprodução, desde que cite a fonte e respeite os direitos dos autores e contenham menção aos mesmos nos créditos. Toda e qualquer obra publicada na revista, seu conteúdo é de responsabilidade dos autores, cabendo a RECIMA21 apenas ser o veículo de divulgação, seguindo os padrões nacionais e internacionais de publicação.