REFORMA DO ENSINO MÉDIO E REALIDADE DO SOME: A DISSONÂNCIA VIVIDA POR ESTUDANTES RIBEIRINHOS NA AMAZÔNIA
DOI:
https://doi.org/10.47820/recima21.v6i11.6855Palavras-chave:
Amazônia., Educação no Campo, Ensino Médio., Sistema Modular de EnsinoResumo
Apresenta-se as expectativas dos estudantes ribeirinhos do Sistema Modular de Ensino da Escola Álvaro Varges, no município de Igarapé-Miri no Pará, acerca da reforma do Ensino Médio instituída pela Lei nº 13.415/2017. A metodologia adota a pesquisa qualitativa, cujo levantamento bibliográfico de estudos utilizou o portal Google e Scielo Acadêmico e, após a seleção de artigos e estudos, procedeu-se a pesquisa de campo, com questionários e entrevistas junto aos estudantes do Sistema Modular de Ensino Médio. O Novo Ensino Médio no estado do Pará, trouxe mudanças na estrutura educacional do estado, inserido em um contexto nacional de reforma curricular do ensino médio, que buscou flexibilizar o ensino e torná-lo mais alinhado às necessidades e às exigências do mundo do trabalho. Entretanto, no espaço amazônico, na educação ribeirinha, a adaptação dessa política requer uma análise aprofundada das condições regionais. Como resultados a pesquisa aponta que apesar da valorização de algumas propostas da Reforma do Ensino Médio, como os Itinerários Formativos e o Projeto de Vida, persistem desafios estruturais e necessidade de maior diálogo sobre sua implantação. Observou-se que há um baixo nível de conhecimento entre os estudantes sobre as mudanças curriculares, os significados dos itinerários formativos e as novas diretrizes propostas pela legislação nacional, e persiste difusa a identidade do ensino médio. Os estudantes revelam uma mistura de expectativas e incertezas em relação às mudanças, expressam a preocupação com a viabilidade dessas propostas no contexto ribeirinho e a possibilidade de aumentar as desigualdades e exclusões no prosseguimento dos estudos.
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