IMPACTO DA ALTERAÇÃO FISCAL DE 2019 NO ENDIVIDAMENTO DAS EMPRESAS EM PORTUGAL: UMA ANÁLISE NAS EMPRESAS DA EURONEXT LISBON
DOI:
https://doi.org/10.47820/recima21.v5i10.5674Palavras-chave:
Alteração Fiscal, Endividamento, Juros, Limite de dedutibilidadeResumo
O presente artigo analisa o impacto da alteração fiscal 2019 no endividamento das empresas em Portugal. Esta alteração, previsto no artigo 67.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (CIRC) regulamentada pela Lei n.º 32/2019, expandiu o conceito de gastos de financiamento e transformou o EBITDA num verdadeiro EBITDA fiscal. A análise foi realizada com base em dados de 37 empresas cotadas na Euronext Lisbon, extraídos da base de dados SABI. Os resultados indicam que a rentabilidade, a tangibilidade e a dimensão das empresas, bem como a alteração do regime fiscal de 2019, são fatores determinantes na política de endividamento. A tangibilidade e a dimensão estão positivamente relacionadas com o nível de endividamento, em consonância com a teoria do trade-off, enquanto a rentabilidade apresenta uma relação negativa, em linha com as previsões da teoria da Pecking Order. Adicionalmente, o estudo revela que, após as alterações fiscais de 2019, as empresas reduziram, em média, os seus níveis de dívida. A referida alteração fiscal teve um impacto negativo nas empresas com baixa dívida, levando à sua redução, e um impacto positivo nas empresas altamente endividadas, resultando num aumento do seu endividamento.
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