ESTEREÓTIPOS E JULGAMENTO DOCENTE: A INFLUÊNCIA DO CAPACITISMO NA AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE ESCOLAR

Resumo

Este estudo investiga como educadores da educação básica percebem a capacidade de indivíduos com e sem deficiência para realizar atividades escolares, incluindo casos de obesidade, etnia, gênero e representações zoomórficas. A pesquisa fundamenta-se nos referenciais teóricos de Soares (2017), Silva (2010) e Bhabha (2013), discutindo como o capacitismo, os estereótipos raciais e o desconhecimento sobre deficiências influenciam a percepção docente. A metodologia consistiu na aplicação de questionários com imagens representando diferentes perfis. Os resultados mostram alta concordância (entre 97% e 99%) quanto à capacidade de indivíduos sem deficiência, independentemente de raça ou gênero. No entanto, surgem divergências significativas quando se trata de indivíduos com deficiência. O caso mais discrepante é o de uma mulher com microcefalia, cuja capacidade foi reconhecida por apenas 67% dos docentes, enquanto 14% discordaram. A maior taxa de indecisão (19%) também foi registrada nesse caso, sugerindo desconhecimento e influência do modelo biomédico. Em relação aos animais usados como representação simbólica (zoomorfização), 76% dos respondentes negaram a capacidade intelectual ou física para atividades escolares, revelando visões antropocêntricas e capacitistas. Já a obesidade não foi percebida como um impedimento relevante, com 92% dos docentes reconhecendo a capacidade do jovem obeso. Conclui-se que, apesar de prevalecerem atitudes inclusivas, ainda há presença de preconceitos sutis e desconhecimento que podem limitar práticas pedagógicas mais equitativas.